O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa econômicos

14.07.202016h10 Comunicação - Marketing Mackenzie

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O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa econômicos

Alex Fabiane Teixeira*

 

O Livro O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa é considerado por muitos a magnus opus de C.S. Lewis, autor irlandês de meados do século passado. Nele, seus protagonistas são levados a casa de campo de um velho professor a fim de escapar dos horrores da segunda guerra. Lá encontram um guarda-roupa que os conduz a um mundo mitológico, chamado Nárnia, que antes do domínio da poderosa e má Feiticeira, vivia em harmonia e emanava alegria. No entanto, a missão dos heróis é, com o auxílio do Grande Leão Aslan, criador desse mundo extraordinário, derrotar as artimanhas da terrível bruxa.

 

Uma das célebres frases que o autor escreve em seu romance diz que “chorar ajuda por um tempo, mas depois é preciso parar de chorar e tomar uma decisão”.

 

Desde o final de fevereiro, o Brasil vem lutando contra os efeitos maléficos da pandemia do coronavírus, que, como a Feiticeira de As Crônicas de Nárnia, vem afetando a alegria e a harmonia da saúde pública mundial, inclusive da brasileira.

 

No entanto, na seara econômica, muitos especialistas tem alertado para os efeitos sorrateiros da pandemia sobre o futuro do trabalho e emprego, ao prospectar cenários econômicos recessivos, cujos indicadores otimistas chegam a apresentar uma queda de 4,7% para o PIB brasileiro no ano de 2020 e de 3,2% para 2010 (fonte: SPE/Ministério da Economia).

 

A evolução dos indicadores econômicos brasileiros tem mostrado que, efetivamente, o pico no ciclo de negócios brasileiros ocorreu no quarto trimestre de 2019 e que, o início de 2020, já havia a sinalização de que ajustes de percurso precisariam ser adotados para combater o cenário recessivo que se aproximava. Contudo, ao se instalar o caos pandêmico, do qual ainda não nos livramos, a perspectiva não foi das melhores, preocupando governo, empresários e acadêmicos, uma vez que, em se instalando a perspectiva, ela possui o potencial de ser a maior e mais profunda da história brasileira, quiçá mundial (Fonte: Codace/FGV).

 

Apesar da perspectiva otimista do governo em relação aos números do PIB, caso os empregos não sejam mantidos e o consumo privado retomado, por meio das vendas no varejo, credenciadas pelos agentes financeiros, esse otimismo pode ser minado pela recessão sorrateira, mas maléfica.

 

Nesse sentido, o governo precisa agir no intuito de promover ações que mudem o curso desse transatlântico chamado Brasil, mesmo que os seus rumos sejam ajustados vagarosamente. É fato que parte do seu dever de casa tem sido realizado. Benefícios sociais tem sido concedidos, transferências financeiras foram realizadas aos entes federados, mas ainda não podemos afirmar com certeza matemática a respeito do resultados inevitáveis da equação dívida pública versus manutenção do emprego e renda.

 

Destarte, uma questão soa em nossos ouvidos de forma retumbante: como retomar o crescimento de forma sustentável? A manutenção da política econômica em prol do ajuste fiscal governamental será suficiente? Ou ainda serão necessárias ações em prol dos gastos sociais? A verdade é que só o tempo e a história trarão as respostas adequadas. Por hora, cabe a nós decidir, e não chorar, parafraseando Lewis.

 

Todavia, é possível perceber ações das autoridades públicas no intuito de combater a bruxa recessiva. Recentemente, o Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao defender que ainda existe margem para reduções nas taxas de juros, afirmou, em entrevista à Record News, que o uso de ferramentas não convencionais, como a emissão de moeda, antes de esgotados todos os recursos ortodoxos, pode gerar uma danosa perda de credibilidade.

 

Assim, reduzir as taxas de juros facilita o acesso das pessoas e empresas ao crédito, fomenta o consumo e faz a roda econômica girar. E a expectativa do governo federal é essa, pois no último dia 02 de julho, editou o Decreto nº 10.414, de 2020, por meio do qual as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foram reduzidas à zero.

 

Nesse mesmo sentido, o Presidente sancionou com vetos, no dia 06 de julho, a Lei 14.020 que dispõe sobre ações emergenciais para a manutenção do emprego e renda que traz, entre outras, por exemplo, a redução proporcional da jornada de trabalho e dos salários e a manutenção da ajuda mensal compensatória obrigatória.

 

Em que pese o momento que vivemos seja difícil, principalmente pelo fato de que muitas vidas têm sido ceifadas pela crise pandêmica, é possível perceber diversos heróis: marias, joãos, público ou privado, na luta pelo resgate da harmonia e alegria que só o povo brasileiro possui. Por isso, é preciso esperar dias melhores.

 

*Alex Fabiane é PhD em Administração e Políticas Públicas, Professor e Coordenador da Faculdade Presbiteriana Mackenzie - Brasília

 

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