A DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR – a relação professor e estudantes nativos digitais

Profa. Dra. Julia Maurmann Ximenes*

28.01.202010h29 Comunicação - Marketing Mackenzie

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A DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR – a relação professor e estudantes nativos digitais

O ensino superior do século XXI tem um relevante desafio: adaptar uma estrutura secular de transmissão do conhecimento centrada no professor para um formato no qual o centro da atenção é o aluno. No lugar das tradicionais perguntas o que ensinar, por que ensinar, para que ensinar e como, a pergunta passa a ser: como aprender? A problematização aqui discutida reside na diferença entre os modelos mentais de professores e estudantes.

O gatilho para a pergunta “como aprender” está no que Prensky chama de “nativo digital”. Este é o novo aluno: um nativo na linguagem digital dos computadores, do videogame, da internet. Um aluno com algumas características intelectuais marcantes como estilo comunicativo fundamentalmente visual, atitude exploratória, habilidade para manusear tecnologias e manejar diversas informações simultaneamente, preferem trabalhar em rede, são mais práticos do que teóricos. 

Considerando este perfil, o professor, normalmente de uma geração que precisa imprimir o e-mail recebido ou que prefere revisar um documento impresso e não diretamente na tela do computador, precisa assumir um novo papel de mediador, potencializando o uso de novos instrumentos e ferramentas na gestão didático-pedagógica.

 

Contudo, este professor precisa compreender que o aluno mudou e velhas práticas pedagógicas não são viáveis diante do nativo digital. O professor precisa convencer o aluno de que a aprendizagem vale a pena, que merece sua atenção. Diante das inúmeras possibilidades de informação que o nativo digital tem, por que prestar atenção em um professor que reproduz uma gestão didático-pedagógica do século XX? Que só repete o que ele lê, e este conteúdo é rapidamente encontrado na internet? Que o conteúdo pode ser aprofundado sem a participação deste professor?

 

A resposta mais frequente a esta inquietação é a utilização de metodologias ativas, ou seja, diferentes estratégias que focam na problematização dos diferentes temas apresentados em sala de aula. Alguns exemplos são estudo dirigido, simulações com role play, sala de aula invertida, mapas conceituais, jogos, dentre outros. 

 

Apesar da relevância das metodologias ativas como resposta à problematização apontada aqui, elas não resolvem sozinhas a questão. Para efetivamente alcançar o nativo digital, o professor precisa mudar, percebendo o aluno como um sujeito que precisa ser envolvido na relação didático-pedagógica e não um sujeito que apenas recebe o conteúdo. 

 

Atrelado à ideia da aprendizagem significativa, que é a interação entre conhecimentos prévios e conhecimentos novos, o desafio do professor passa a ser de convencimento: o aluno deve apresentar uma predisposição para aprender a partir de incentivos. 

 

Obviamente que o professor não é o único ator e não retiramos a responsabilidade do aluno, especialmente no ensino superior. O aluno também tem sua responsabilidade na construção do seu próprio conhecimento, na procura de novas informações e análises, reconhecidas como necessárias para a compreensão e resolução dos problemas. 

 

Portanto, os atores envolvidos nesta dinâmica e complexa relação em sala de aula, professor e aluno, precisam respeitar suas diferentes trajetórias e vivências para ultrapassar a mera transferência de conhecimento, de conteúdo.

 

Por isso, a discussão é mais profunda – ela perpassa a relação entre professor e aluno não apenas no uso de tecnologias de informação e comunicação (TICs) ou de metodologias ativas. Uma problematização sem respostas prontas e acabadas, que demanda a compreensão da sala de aula como um espaço que exige envolvimento, compromisso, e não apenas troca de conteúdo. 

A preocupação com a quantidade de conteúdo pode ser substituída pela qualidade do conteúdo trabalhado com os estudantes a partir de sua vivência, impactando de forma mais duradoura e significativa na sua trajetória de vida.

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*Coordenadora da Pós-Graduação e Extensão e Assessora Didático-Pedagógica da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília 


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Assessoria de Comunicação

Mackenzie - Unidade Brasília

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Rafael Querrer 

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