Correntes que libertam

15.07.202014h29 Comunicação - Marketing Mackenzie

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Correntes que libertam

Elisa Leão*

 

Quem diria viver uma pandemia! 

Tem coisas na vida que parecem tão distantes e que só acontecem com o vizinho lá da outra rua ou com o amigo do amigo.

Tragédias pessoais, familiares, sociais, pareciam tão distantes e que o meu mundo estava blindado para situações tristes e vivências dramáticas. 

Até que… Um acidente, a descoberta da infertilidade e a necessidade de encarar de frente o que vem pela frente. A morte que não avisou que chegaria para alguém do núcleo familiar, uma pandemia que alcançou todo o planeta. 

Foi aí que descobri que não estou blindada das tragédias. Foi aí que fiquei menos ingênua para os acontecimentos inusitados e confesso ter sentido ansiedade e medo por não ser capaz de controlar tudo. Sim! Sou psicóloga e sou humana com sentimentos. Sinto alegria e tenho taquicardia de emoção. Fico triste e tenho vontade chorar. Tenho raiva e questiono a minha fé e a capacidade de continuar. Por incrível que pareça isso é libertador! 

Sou humana. 

Estou vivendo uma Pandemia que chegou e se instalou em pleno século XXI. Momento em que a ciência já tem muitas respostas e consegue caminhar rumo ao desenvolvimento de uma vacina que pode salvar a humanidade em tempo recorde. 

Contraditoriamente, em pleno século XXI que o Preto ainda sofre e parece até, estar aprisionado dentro de imaginários tapados que veem direitos em se ver no direito de ter mais direitos em relação ao que é diferente. O Preto paga pelas correntes que prendem os donos do imaginário. 

Pleno século XXI que o diferente ainda assusta e é motivo de tentativa de imposições garganta abaixo a qualquer custo. 

E... Uma pandemia! Essa é diferente. E teve que ser engolida. Mesmo insípida.  Quem diria que revolucionaria os relacionamentos familiares, o manejo do comercio, a educação mundial, as relações diplomáticas, a tecnologia, o mundo virtual, quem morre, quem vive! 

Todos precisando ficar em casa juntos. O grande desafio de reinventar a vida doméstica e de ser criativo para uma sobrevivência que precisa ser descoberta.

Pandemia que aprisiona e pode matar, também mostra que pode gerar reflexões libertadoras e movimentos que envolvem toda a sociedade em prol de grupos que viviam silenciados, mas agora ganham volumes mais altos para suas vozes. Afinal, ninguém está blindado do sofrimento e em algum momento precisa reivindicar direitos e reivindicar pela própria vida. 

Se a sobrevivência precisa ser DesCoberta ela não está sozinha! A criatividade e necessidade sofisticaram meios de comunicação para além do virtual. Pessoal! Manual! Sim, através de um X feito com batom na palma da mão é possível pedir ajuda e mostrar que a dona desse batom quer independência e merece viver sua vida livre de abusos feitos, na maioria das vezes, por um homem inseguro, ciumento e que tem medo de ficar sozinho. Mas, através da sua força muscular ou a acidez e o amargo das suas palavras age covardemente para intimidar essa mulher que ele sabe que tem o potencial para brilhar muito mais que a força da ignorância emocional. 

Dependências que não cabem mais e a independência fatal que batia a porta e precisou entrar mostrando que tem suas vantagens. 

Pandemia, que dissemina além do vírus da Covid-19 a certeza de que nada será igual. De que as vezes é importante uma grande crise para limpar o que é mais fácil varrer para debaixo do tapete. 

A pandemia mostra que ninguém está ileso a eletrochoques de realidade e a necessidade de adaptação a novas verdades.  Também mostra que não é preciso estar sozinho para recuperar-se dos reveses inevitáveis e que seja no virtual ou na palma da mão é possível recuperar, dar a volta por cima, olhar no olho do que vem pela frente. É saber que ser humano real, vive constantes reveses e tropeços, mas depois disso, segue avante e com a oportunidade de ver oportunidades promissoras que não sufocam nem acorrentam, mas que libertam.

 

*Elisa Leão é professora doutora de Psicologia da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília, psicóloga clínica e palestrante.

 

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MACKENZIE BRASÍLIA

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