A porcentagem de adultos graduados e na faixa dos 25 anos ou mais passou de 6,8% para 18,4% entre 2000 e 2022, segundo o Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Se por um lado a pesquisa indica avanços, o percentual ainda é baixo: quatro em cinco brasileiros ainda não passaram pela universidade.
Segundo o pesquisador e analista do IBGE Bruno Perez, parte considerável desses cidadãos que não possuem ensino superior é composta por pessoas mais velhas: “A gente sabe que tem uma população mais envelhecida para a qual o acesso à educação foi mais difícil na sua juventude”.
O relatório Education at a Glance da OCDE, publicado em 2021, indica que a média de pessoas entre 25 e 34 anos com ensino superior completo nos países membros passou de 37% em 2010 para 45% em 2020 (OCDE, 2021). No Brasil, conforme o mesmo documento, o percentual dessa faixa etária que concluiu o ensino superior também cresceu, duplicando no período: era 12% em 2010 e alcançou 24% em 2020. Esse índice se aproxima do observado no México (25%), mas permanece inferior ao registrado em outros países da América Latina, como Chile (34%) e Argentina (40%). Ainda assim, a taxa brasileira representa apenas metade da média dos países da OCDE (LOBO; CASTRO, 2023)*.
Houve avanços em outros níveis educacionais: a proporção de brasileiros sem instrução ou com o ensino fundamental incompleto caiu de 63,2% em 2000 para 35,2%. Apesar da melhora, o índice ainda está distante do ideal. Nesse contexto, é importante considerar tanto a frequência dos jovens no ensino médio quanto sua conclusão na idade adequada. O Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2014 e atualmente em vigor, estabeleceu na Meta 3 a universalização do atendimento escolar para a população de 15 a 17 anos até 2016 e a elevação da taxa líquida de matrícula no ensino médio para 85% até o término da vigência do plano, previsto inicialmente para 2024. Em 2019, a taxa ajustada de frequência escolar líquida dos jovens dessa faixa etária no ensino médio era de 71,4%, frente aos 68,2% registrados em 2016. Destaca-se que, em 2019, o percentual ainda se encontrava 13,2 pontos percentuais abaixo do objetivo fixado na Meta 3 do PNE para 2024 (NATIVIDADE, MOREIRA, CRUZ, 2021)**.
Nestes resultados, observa-se o impacto das desigualdades regionais, a frequência escolar é mais baixa nos estados do Norte e Nordeste do País, além da disparidade relacionada aos fatores socioeconômicos. Essas barreiras impactam o acesso e a permanência na educação superior.
O Censo 2022 também evidencia desigualdades no acesso ao ensino superior entre diferentes segmentos da população. A maior taxa de conclusão nesse nível de ensino ainda se concentra entre os grupos com histórico de maior acesso educacional. Ainda segundo o IBGE, há concentração de determinados perfis formativos em cursos específicos. Em áreas como medicina, economia e odontologia, três em cada quatro diplomados pertencem a esses grupos.
Quanto à participação feminina, é notado o crescimento em cursos como medicina (49,9%) e direito (51,1%). Já em serviço social e formação de professores, as porcentagens são, respectivamente, 93% e 92,8%. Os homens são maioria na área de engenharia mecânica e metalurgia, representando 92,6% dos formados.
Para ler a matéria na íntegra, acesse: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2025-02/brasileiros-adultos-com-ensino-superior-completo-chegam-184
*LOBO, G. M. de O.; CASTRO, A. M. D. A. Agenda global da educação e expansão da Educação Superior. Práxis Educativa, [S. l.], v.18, p. 1–17, 2023. DOI: 10.5212/PraxEduc.v.18.21286.071. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/praxiseducativa/article/view/21286. Acesso em: 26 abr. 2025.
**NATIVIDADE, R.; MOREIRA, A. M.; CRUZ, S. S. Cursinhos universitários populares: apontamentos para democratização do acesso à educação superior brasileira. In: Revista FORGES, v.7, nº 1, 2021. Disponível em: https://edicoes.aforges.org/index.php/revista/issue/view/3.