Educação digital e midiática ganha espaço no ensino superior brasileiro

Inclusão de disciplinas ligadas à educação digital no currículo busca combater a desinformação entre os universitários mais jovens 

16.06.202516h36 Comunicação - Marketing Mackenzie

Educação digital e midiática ganha espaço no ensino superior brasileiro

No dia 21 de maio, o Ministério da Educação (MEC), lançou o Guia de Educação Digital e Midiática: como elaborar e implementar o currículo nas escolas. A publicação, desenvolvida em parceria com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom-PR), oferece orientações para que as redes de ensino integrem a educação midiática e digital nos seus currículos escolares. 

Embora o guia não tenha como foco o ensino superior, especialistas destacam que a formação universitária também deve incorporar essa temática com o objetivo de auxiliar os estudantes no desenvolvimento de competências necessárias para navegar e buscar informações no ambiente digital de maneira segura, além de criar maior conscientização em relação ao uso da tecnologia em sala de aula. 

Os nativos digitais, apesar de nascidos na era da tecnologia e terem fácil acesso à informação, muitas vezes têm dificuldades em distinguir o que é relevante e verdadeiro do que é desinformação e fake news. Então, embora utilizem facilmente as tecnologias, essa fluência digital é superficial, pois não se aprofunda nas habilidades necessárias para utilizar o ambiente digital de forma crítica e consciente. O uso responsável deste espaço demanda o desenvolvimento de diversas competências, as quais seriam devidamente aprimoradas com a inserção da educação digital e midiática no currículo acadêmico. 

Considerando as dificuldades associadas ao uso consciente da internet, podemos identificar vários obstáculos enfrentados pelos jovens. Entre eles, destacam-se a sobrecarga de informação, a ausência de pensamento crítico e de uma avaliação adequada das fontes, as bolhas digitais — alimentadas pelo consumo de informações personalizadas e limitadas ao viés de um determinado grupo em ambiente virtual — e inteligências artificiais, a procrastinação digital — adiamento de tarefas importantes em favor do uso de dispositivos digitais —, e a falta de privacidade e segurança digital. 

Nesse contexto, uma universidade na região sul do país é exemplo ao implementar a educação midiática em seu currículo, e os resultados têm sido positivos. Muitos alunos relatam se sentir mais seguros no uso consciente da internet e mais capazes de identificar e analisar criticamente uma fake news após cursarem a disciplina. Isso demonstra que a inclusão da disciplina no ensino superior pode contribuir para a formação dos estudantes e auxiliá-los no desenvolvimento de habilidades indispensáveis para o mundo digital contemporâneo. 

A presidente do Conselho Diretor do Instituto Palavra Aberta, Patrícia Blanco, reforça que a educação midiática é essencial para os profissionais de qualquer área. “Precisamos preparar todo profissional para lidar com esse ambiente poluído, polarizado, em que a desinformação ganha terreno”, afirma. Ela destaca ainda o papel estratégico das licenciaturas, cuja formação de professores tem impacto direto na qualidade de ensino de todo o país: “Acredito muito que, se avançarmos na introdução da educação midiática nos cursos de licenciatura, teremos um ganho para a qualidade desse professor, para o entendimento desse universo da informação, de modo que ele possa levar isso adiante”. 

A desinformação, apontada pelo Fórum Econômico Mundial como o maior risco global pela segunda vez consecutiva, tem impactos diretos na democracia, saúde e bem-estar social.  

Tendo em vista o cenário atual, é importante reforçar a necessidade de ampliar o espaço para disciplinas e práticas voltadas à alfabetização midiática nas universidades brasileiras, formando profissionais mais preparados para lidar com a grande quantidade de informações com as quais têm contato diariamente. 

Especialistas reforçam que o ensino superior, especialmente por meio dos cursos de formação docente, deve priorizar a inclusão da educação midiática, estimulando o desenvolvimento de competências que vão além do uso básico da tecnologia, levando os estudantes a avaliarem criticamente as informações online, a identificarem bolhas digitais e a utilizarem eticamente as inteligências artificiais. 

Para ler as matérias na íntegra, acesse: 

 https://revistaensinosuperior.com.br/2024/06/19/educacao-midiatica-aliada-qualidade/ - Revista Ensino Superior

https://revistaensinosuperior.com.br/2025/03/27/ies-precisam-incluir-educacao-midiatica/ - Revista Ensino Superior